Apenas de ouvir as palavras
aneurisma cerebral muitas pessoas já ficam preocupadas. A explicação é simples:
como saberei se tenho um?
O rompimento de um deles costuma
ter alta taxa de mortalidade (46% dos casos nos Estados Unidos) ou também pode
deixar sequelas graves (60% dos sobreviventes). Não há dados consolidados em
relação a aneurismas no Brasil.
Primeiramente, é preciso entender
o que é um aneurisma. Trata-se de uma protuberância ou uma bolsa semelhante a
um balão que se forma na parede de uma artéria, em um ponto fraco.
Essa anormalidade nos vasos
sanguíneos pode passar despercebida ao longo da vida de uma pessoa. Mas há
casos em que se torna mortal.
"O aneurisma sacular, que é
como se fosse uma bolsinha, é o mais comum. Pode aparecer ao longo da vida. Nos
Estados Unidos, entre 3% e 5% da população têm. Anualmente, apenas 10 em cada
100 mil pessoas têm um aneurisma que se rompe. Ou seja, a maior parte dos
aneurismas não se rompe", explica o médico neurologista Roger Taussig, do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.
Segundo Taussig, o aneurisma
cerebral é um problema que surge durante a vida. "Ninguém nasce com
ele", diz. "A maior probabilidade de ter aneurisma é acima de 30
anos, com maior pico de incidência entre 50 e 60 anos."
As mulheres costumam ter mais
aneurisma do que os homens, de acordo com o neurologista.
Alguns fatores relacionados à
saúde, histórico familiar e hábitos podem sugerir uma maior predisposição a
desenvolvê-lo.
Qualquer pessoa com dois ou mais
parentes de primeiro grau (pais, irmãos e até filhos) com aneurisma cerebral,
principalmente se houve ruptura, deve passar por acompanhamento médico.
Se a pessoa ou algum parente
sofre de doenças que aumentam o risco de fragilidade das artérias cerebrais
(síndromes de Marfan e de Ehler Danlos) e a renal policística, os médicos
costumam ficar mais atentos.
A pressão alta, colesterol
elevado, obesidade e doença arteriosclerótica pré-existente são outros fatores
que sugerem um aumento da predisposição de o indivíduo ter um aneurisma ao
longo da vida. O fumo e o álcool também são apontados pelos médicos como um
fator de risco.
Como saber se tenho?
"Há casos em que o aneurisma
é sintomático. Por exemplo, se estiver empurrando um nervo, pode provocar algum
sintoma que faz a pessoa procurar atendimento médico e aí descobre o
aneurisma", acrescenta Taussig.
No entanto, outros aneurismas são
assintomáticos.
"A maioria das pessoas
viverá suas vidas inteiras sem saber que elas têm um [aneurisma] e morrerão de
algo não relacionado", disse o médico Thabele Leslie-Mazwi, especialista
neuroendovascular do Hospital Geral de Massachusetts, em artigo recente.
A Academia Brasileira de
Neurologia ressalta que "não há prevenção, exceto manter atenção ao risco
familiar, maior determinante para o aneurisma, assim como dores de cabeça
súbitas e intensas, além de doenças associadas. Nesses casos, a descoberta em
fase assintomática permite uma terapêutica preventiva que evite o
rompimento".
O neurologista Rubens José
Gagliardi, da Associação Brasileira de Neurologia, ressalta que "não há
prevenção" para um aneurisma.
A principal recomendação é se
manter atento ao risco familiar, que é o fator mais determinante.
"Importante ressaltar que,
ao apresentar evidências clínicas fora da normalidade em termos de intensidade
e surgimento, como dores de cabeça súbitas, quadros vertiginosos, síncope,
déficit de força e de sensibilidade, vale uma avaliação do especialista para
identificar a causa e iniciar o tratamento imediatamente."
O exame mais usado para
identificar um aneurisma cerebral é a angiografia por subtração digital, um
procedimento realizado no hospital. Consiste no uso de um cateter, inserido na
virilha. Ao chegar no cérebro, insere-se um contraste para mapear as artérias e
visualizar o aneurisma.
Uma vez diagnosticado, o médico
tem protocolos internacionais para calcular o risco de rompimento e compará-lo
ao risco de uma intervenção cirúrgica.
"O que define se o aneurisma
vai se romper ou não são: tamanho, localização, se o paciente teve um
sangramento prévio de outro aneurisma, e se é um aneurisma lobulado, como se
fosse um cachinho de uva. Esses têm mais chance de se romper do que o aneurisma
liso", diz Roger Taussig.
O monitoramento é fundamental,
porque vai demonstrar se o aneurisma está crescendo ou não. Caso não haja
evolução, o paciente apenas irá repetir os exames periodicamente.
PORTAL R7
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