O quinto clássico alvinegro da temporada
marcará também o quinto encontro entre os técnicos Jorge Sampaoli, do Santos, e
Fábio Carille, do Corinthians. Mais do que ideias de jogo opostas, os
treinadores também têm visões muito diferentes de seus respectivos trabalhos.
Se no primeiro confronto da
temporada tudo ainda era novidade, principalmente o estilo ofensivo e radical
de "protagonizar o jogo" do argentino, o quinto embate, marcado nesta
quarta-feira, às 21h30, na Vila Belmiro, pela nona rodada do Campeonato
Brasileiro, promete ser muito mais estudado, com os dois lados cientes do que
virá pela frente.
O jogo terá transmissão ao vivo
na TV Globo para os estados de SP, SC, PR, CE, PA, GO, TO, MS e MT com narração
de Milton Leite e comentários de Casagrande. O Premiere transmite para todo o
Brasil com narração de Jota Jr e comentários de Wagner Vilaron. O
GloboEsporte.com acompanha em tempo real, com vídeos, e faz uma
"live" depois do jogo, com análise dos melhores momentos e
entrevistas dos treinadores dos dois times.
"Cascudo" no futebol
brasileiro depois de títulos expressivos conquistados à frente do Corinthians,
como o Brasileirão de 2017 e o tricampeonato paulista, Carille não se
"ilude" com espetáculos. Prioriza o resultado por entender ser essa a
maneira de se blindar da pressão. O bom futebol, para ele, é consequência do
entrosamento do time.
Sampaoli quer a todo custo que
seu time se apresente com futebol de encher os olhos. Os dois, é bem verdade,
já foram do céu ao inferno em 2019 em algumas ocasiões.
Criticado pelo futebol de resultado,
mas enaltecido por mais um título paulista, Carille, assim como Sampaoli, foi
eliminado da Copa do Brasil. Situações, porém, distintas: o argentino sofreu
para explicar a terceira queda no ano no Pacaembu, uma de suas casas, depois de
começar vencendo o Atlético-MG. O corintiano foi elogiado pela boa atuação no
Maracanã, diante do Flamengo.
O argentino Jorge Sampaoli não
fica satisfeito apenas com a vitória do Santos, mas muito com a maneira que seu
time se posta em campo e como seus jogadores conseguem ser protagonistas
independentemente do adversário.
Principalmente na Vila Belmiro,
palco do clássico, o Peixe de Sampaoli se posiciona durante grande parte dos
jogos no ataque, com linhas altas, sufocando a saída de bola adversária, e
conta com muitas variações táticas e trocas de posição implementadas pelo
argentino nos treinos (sempre fechados à imprensa).
Após a vitória por 3 a 1 contra o
Atlético-MG, no último domingo, Sampaoli defendeu seu estilo de jogo na
entrevista coletiva após o jogo com frases fortes:
– Vim aqui ao futebol brasileiro
para tentar mostrar minha forma de jogar. Não se pode jogar com pressão ou
trocar a realidade estabelecida. Temos uma equipe extremamente jovem, que
rodamos com uma diferente temente. Se as pessoas não têm paciência, que se
termine. Não sei como ganhar de qualquer jeito. Só sei ganhar jogando – afirmou
Sampaoli.
– Se formos tentar ganhar de
qualquer jeito, viremos com revólveres e mataremos os rivais. O Santos vai
jogar com a mesma dignidade que jogou no Pacaembu. Tentando jogar com a bola,
sem pressão, e com esse caminho vamos. Se a proposta se instala dessa forma (de
pressão), não tem sentido eu estar aqui – emendou o técnico.
Desde seu início de trabalho no
Santos, Sampaoli sempre evita revelar suas estratégias ou a escalação que
pretende levar a campo e é bem mais misterioso que Fábio Carille, por exemplo.
O Corinthians, inclusive, é o oponente que o argentino mais enfrentou na
temporada. O duelo desta quarta-feira será o quinto. Antes, uma vitória para
cada lado e dois empates.
Em entrevista ao
Globoesporte.com, no começo do mês de maio, Carille admitiu que o desempenho do
Corinthians na primeira parte do ano esteve aquém do esperado. O treinador
costuma se defender das críticas citando a falta de entrosamento entre do
elenco, já que boa parte dos atletas, como gosta de dizer, não havia trabalhado
com ele em sua primeira passagem.
Respaldado pelas conquistas no
Timão, como o título paulista de 2019, ele trata bom desempenho como resultado
de um trabalho desenvolvido com o tempo. Por isso, espera ansiosamente pela
pausa para a Copa América, quando poderá novamente trabalhar com calma.
– O resultado ainda está na
frente do desempenho. O que mais fazemos aqui é ter desempenho e resultado,
desde a época do Mano (Menezes) aprendi isso. Mas, quando você não tem
desempenho, o resultado é muito importante (...) Resultado sempre em primeiro
lugar. Falei bastante que a gente sabe que temos de ser melhores, mas não posso
ficar vendo fantasmas (...) - disse Carille à reportagem durante a entrevista
exclusiva.
Na escola de técnicos onde
Carille "estudou", Mano Menezes e Tite são dois dos professores
preferidos. No último sábado, o treinador do Corinthians esteve frente a frente
com um de seus mentores e ficou satisfeito com o resultado final, o empate sem
gols com o Cruzeiro de Mano, no Mineirão.
Nos últimos dois jogos,
principalmente contra o Flamengo, o Timão apresentou um volume maior de jogo e
criou chances. No "padrão Carille de qualidade", o time precisa saber
sofrer, ser efetivo nas chances criadas e usar seus homens de lado e volantes
para ajudar na chegada à área.
Volantes que pisam na área,
transição rápida e jogo construído a partir de triangulações, são esses os
preceitos. Porém, é justamente esse encaixe, essa criação, que ele ainda parece
não ter achado em 2019.
– Hoje, temos um sistema
defensivo dentro do esperado, mas é claro que ainda vamos repetir e treinar
muitas coisas. Na pausa, o que vamos focar mesmo é a parte da construção,
melhor a criação e a definição das jogadas. O jogo contra o Flamengo foi a prova
de como podemos criar – ponderou. Nesta quinta, tentará buscar o resultado para
poder ter calma para trabalhar o desempenho.
GE
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