O Brasil se classificou na noite
de ontem para disputa do título da Copa América 2019 ao vencer a seleção da
Argentina por 2 a 0 no estádio do Mineirão com gols de Gabriel Jesus “que
desencantou” e R. Firmino.
Mas e agora, que lições se pode
tirar desta classificação da nossa seleção? A primeira coisa que nos vem a
mente é analisar friamente se a seleção se comporta melhor com ou sem a
presença de Neymar em campo, muitos questionam dizendo que se o astro pop/jogador
estivesse em campo o Brasil de repente nem estaria na final, outros “fãs do atleta”
ou viúvas do Neymar, já dizem que se ele estivesse na disputa o Brasil não
teria passado tanto sufoco para chegar a final, devido ao baixo nível técnico
da Copa América o então camisa 10 do Brasil iria deitar e rolar nos gramados
brasileiros.
Aí vem nossa segunda questão, o
baixo nível técnico da atual edição da competição. Até aqui foram disputadas 23
partidas na Copa América, e se for feita uma pesquisa nas ruas do Brasil sobre
o nível dos jogos ou aquele jogo que mais se destacou, primeiro que os
pesquisadores terão um pouco de dificuldades em achar muitos torcedores que “perderam”
seu tempo assistindo jogos da Copa América. Até as partidas da seleção tiveram
audiência mediana em algumas apresentações, sendo superada inclusive pela
seleção feminina que estava na disputa do mundial da França.
Mesmo com o baixo nível técnico
do torneio a nossa seleção penou em alguns momentos na competição, como na estreia
contra a Bolívia, quando só se achou no segundo tempo. No empate “vexatório”
sem gols contra a Venezuela. Talvez a exceção tenha sido a partida contra a
seleção do Peru. Não pelo placar em si de 5 a 0, mas como a seleção construiu o
resultado, mas na sequência, quem imaginou que o time de Tite estivesse em ascensão
teve que sofrer vendo a seleção se classificar nos pênaltis contra a poderosa
seleção do Paraguai em POA.
Contra a Argentina o Brasil
apresentou mais raça do que técnica em muitos momentos do jogo “o que já é um avanço”
pois nos últimos tempos os jogadores que vestiram a camisa amarelinha
sinceramente não demostravam qualquer tesão em participar de competições,
pareciam estar por obrigação, tanto que as mazelas ocorridas nos últimos anos
foram fruto exatamente desta falta de interesse aliada a incompetência das
comissões técnicas falidas que a CBF insistia em pôr no comando.
No jogo de ontem por incrível que pareça o
Brasil não foi colocado mais a prova do que foi por exemplo contra o Paraguai.
O que ainda assustava na Argentina eram os lampejos individuais de Messi que
sofreu em meio a uma seleção Argentina limitada técnica e taticamente, e eu
diria que a Argentina ainda foi longe nesta Copa, chegar entre os 4
semifinalistas com aquele time, só graças mesmo ao baixo nível técnico da Copa
América, pois se fosse na Copa do Mundo os Argentinos “dependendo do
chaveamento” poderiam facilmente cair na fase de grupos de um mundial.
O que mais me chamou a atenção
após o encerramento da partida foram os depoimentos de alguns jogadores da
seleção meio que em tom de desabafo cobrando incentivo da torcida, com a
sensação de missão cumprida.
Calma aí, primeiro que a Copa
América ainda tem mais um capítulo para ser escrito, e o será no próximo domingo
as 17hs no Maracanã contra chilenos ou peruanos que jogam hoje à noite as
21:30.
“Abrindo um parêntese aqui sobre
a organização de eventos no Brasil e a relação da nossa seleção com o Maraca.
Mais uma competição organizada no país e o mesmo erro cometido, ou seja,
seleção brasileira no Maraca só em uma eventual final? Por qual motivo? Seria
algo político da CBF contra o Rio de Janeiro? Afinal toda competição de respeito
tem sua abertura e encerramento no palco da final, ou seja, Brasil e Bolívia
deveriam ter se enfrentado no Rio e não em SP, até pelo fato do jogo contra o
Peru já ser do mesmo estado, mas enfim, caso a seleção cometesse a gafe de não
chegar à final desta importante Copa, novamente o público carioca ficaria
privado de acompanhar a seleção na sua casa, no principal estádio do futebol
brasileiro”.
Mas retomando sobre o depoimento dos
jogadores, não tem nada ganho! É preciso consolidar o título no domingo, muito
provavelmente contra o Chile que é o atual bicampeão da Copa América “2015,
2016”. E mesmo que seja a seleção peruana, o torcedor não pode esperar a mesma
molezinha que encontrou nos 5 a 0, por dois motivos, um é que se a seleção
peruana realmente avançar a final, a mesma chega como franco atirador na
decisão, e ela sim, com muita moral por ter eliminado o Uruguai “e eventualmente
a seleção bicampeã” e isso irá motivar o elenco a fazer uma apresentação melhor
do que aquela de uns dias atrás, então dever cumprido mesmo para o Brasil é
levantar a taça, depois desabafem o que quiserem “apesar que com todo respeito,
ganhar Copa América meia boca em casa é obrigação”.
O que de ruim pode acontecer com
o título do Brasil no domingo? Sim, existe esse lado! Quem entende de futebol
pode “infelizmente” acompanhar que na trajetória da nossa seleção na competição
nada de novo “taticamente” foi apresentado ao torcedor e a imprensa, convocação
duvidosa de atletas “que até aqui graças ao avanço da seleção na Copa vai dando
resultado”.
Qual o principal discurso da
comissão técnica da seleção hoje e até alguns jogadores usam o mesmo tom em
suas entrevistas? “Jogamos bem, nossa defesa ainda não sofreu gols na Copa
América” esse tem sido o discurso. Ou seja, que se dane que o futebol tá feio,
o que importa são os resultados! “Até quando ninguém sabe”. Se jogar feio por
uma bola fosse garantia de sucesso tinha muito time aí que era campeão toda
hora!
O problema de um trabalho ruim em
cima de um bom resultado é o seu conceito! Ou seja, na cabeça de quem executa o
trabalho ruim o que vale é o resultado final, se a vitória vem os erros não são
corrigidos e vai se empurrando certas situações com a barriga. Por isso que
existe o velho ditado onde se aprende nas derrotas, pois elas nos apontam os
erros, nos fazem refletir após analisar onde se erra. Eu, particularmente temo
que um eventual título da seleção Brasileira nesta Copa América venha a servir
justamente pra isso, para mascarar uma situação que vem incomodando os amantes
do bom futebol brasileiro não é de hoje, que é justamente a inversão de
valores, ou seja, é melhor jogar mal e vencer do que jogar bem e perder.
E isso já foi amplamente
discutido em vários debates esportivos e até técnicos adeptos do futebol de
baixa qualidade, mas que erguem taças e acabam tirando esse discurso, como
Carlos Alberto Parreira em 1994 quando questionado que o Brasil ganhou a Copa
com um futebol pobre ele rebateu dizendo que era melhor ser tetra e alegrar o povo
do que ter uma seleção como a de 1982 que encantou o mundo mas não ganhou nada.
É isso que está em jogo nesta
Copa América, o futebol de resultados de Tite será campeão e irá provar ao
mundo mais uma vez que é melhor jogar feio e ser campeão? Vamos aguardar.
MIGUEL BOENTE
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