O procurador do Estado do Rio
Renan Saad, preso pela Polícia Federal na manhã desta segunda, 1, em
desdobramento da Operação Lava Jato, recebeu pagamentos de R$ 1,265 milhão da
Odebrecht relacionados à obra da Linha 4 do Metrô, indica a Procuradoria da
República no Rio.
Segundo o Ministério Público Federal, Renan
teria praticado "atos de ofício em favor das construtoras responsáveis
pela linha", especialmente em relação à mudança do traçado original do
metrô e viabilização do pagamento de uma tuneladora, equipamento conhecido
"tatuzão".
As obras da Linha 4, que liga a
zona sul à região da Barra da Tijuca, foram idealizadas em 1998 e retomadas
pelo ex-governador Sérgio Cabral em 2009, após a escolha do Rio como sede
Olimpíada de 2016. O custo das obras, inicialmente orçado em R$ 880 milhões,
foi reajustado para R$ 9,6 bilhões, indicou a Procuradoria. O Ministério
Público Federal chegou até o R$ 1,2 milhão após localizar, em uma empresa de manutenção
de depósito de documentos contratada pela transportadora Transexpert, registro
de pagamento realizado no endereço do escritório de advocacia de Renan Saad.
O local foi alvo de uma das
ordens de busca e apreensão cumpridas na manhã desta segunda, 1, e já havia
sido mencionado na delação do ex-diretor de contratos da Odebrecht Marcos
Vidigal do Amaral como endereço de entrega de propina. Agentes também
realizaram buscas na casa de Saad.
A apuração observou que Saad era tratado como
"Gordinho" no sistema Drousys, destinado para a programação e
execução das comunicações internas da Odebrecht relacionadas ao pagamento de
propina.
Nove pagamentos feitos pela
empreiteira ao procurador foram identificados pela procuradoria. As operações
foram realizadas entre 2010 e 2012:
10/09/2010 - R$ 185.000,00;
24/09/2010 - R$ 100.000,00;
04/11/2010 - R$ 90.000,00;
01/12/2010 - R$ 90.000,00;
08/07/2011 - R$ 400.000,00;
06/10/2011 - R$ 100.000,00;
30/11/2011 - R$ 100.000,00;
16/02/2012 - R$ 100.000,00;
18/04/2012 - R$ 100.000,00.
De acordo com a Procuradoria, a
prisão temporária de Saad foi deferida por causa da necessidade se colher
depoimentos de pessoas subordinadas ao procurador para apuração dos crimes de
pertencimento à organização criminosa e lavagem de dinheiro por intermédio do
escritório de advocacia do investigado.
A investigação é decorrente de colaboração
premiada de executivos da Odebrecht, informou o Ministério Público Federal.
Em delação, o ex-diretor de contratos da
empreiteira Marcos Vidigal do Amaral indicou que o procurador do Estado da
Secretaria de Transportes teria exigido um pagamento de R$ 300 mil para
produzir um parecer para a retomada das obras da Linha 4 no Rio.
Segundo a Polícia Federal, tal documento seria
favorável a alteração das obras do Metrô.
O delator apontou ainda que o
valor foi entregue em escritório do procurador localizado na Avenida Rio
Branco, no centro do Rio Segundo Amaral, a Odebrecht, a Queiroz Galvão e a
Carioca realizaram o pagamento, proporcionalmente.
CORREIO BRAZILIENSE
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