segunda-feira, 8 de julho de 2019

Brasil ganha a Copa América, teoria do copo meio cheio ou meio vazio, de que lado você está? - Por Miguel Boente



A seleção brasileira de futebol conquistou na noite de ontem no estádio do Maracanã o seu 9º titulo da Copa América ao bater a seleção peruana pelo placar de 3x1. Quais lições podemos tirar da conquista desta taça? Até que ponto ela foi benéfica para o nosso futebol?

Vamos recapitular algumas coisas até chegar ao título. O burburinho em torno da nossa seleção não vem de hoje! As cobranças não apenas por resultados, mas também por bom futebol vem desde a Copa da Rússia que terminou um ano atrás.

De lá pra cá a seleção não fez nenhuma grande partida, e olha que jogou amistosos bem desqualificados. “Ou alguém considera aqueles 7x0 na véspera da Copa América como excelente resultado?”.

Temos que entender que no futebol, jogar bem nem sempre significa encher a carreta de gols, e jogar mal nem sempre significa falta de gols. As vezes boas atuações esbarram na atuação excepcional de um goleiro adversário, em gols mal anulados, situações que te levam a empatar e até mesmo perder uma partida, o que muitas vezes consideramos como resultado injusto.

Assim como em contra partida as vezes mesmo atuando mal “na conta do chá” se conquista alguma coisa, e é exatamente neste ponto que entra a seleção brasileira de Tite.

Dois seis jogos feitos pela nossa seleção nesta Copa América, qual você elege como sendo aquele irretocável, sem margens para qualquer tipo de comentário? A goleada sobre o Peru na primeira fase? A vitória sobre a Argentina? O próprio jogo de ontem que nos deu a taça?



Eu, sinceramente não observei nada que me enchesse os olhos nesses jogos que o Brasil fez na Copa América! Pelo contrário, em muitos momentos deu vergonha alheia e impaciência assistir as partidas, salvo algumas atuações individuais a participação do Brasil na competição não merece mais do que uma nota 6.

Sabe aquela frase? “Em terra de cego quem tem um olho é rei” pois é, ela se aplica perfeitamente a nossa seleção! Infelizmente o nível técnico desta Copa América foi fraco ao extremo. Seleções se arrastando em campo, nenhum grande jogo que daqui a 10 anos seja lembrado, a Copa América passou de passagem pelo Brasil e só vai ser lembrada pois foi ganha por nossa equipe.



Esta foi a competição que cedíamos que sem sombra de dúvidas foi a mais fria. Tudo colaborou um pouco, os altos preços dos ingressos que só deu chance da elite acompanhar as partidas em loco nos estádios, pelas ruas do país o depoimento das pessoas e até de grande parte da imprensa “principalmente a independente, comprometida com a verdade dos fatos” dava conta que o cidadão comum não estava nem aí pra essa copa. Nenhuma rua pintada, nada de bandeiras do Brasil nos prédios e casas, poucas reuniões de amigos para curtirem juntos as partidas da seleção, como sempre foi tradição em todas as copas, seja ela do mundo, olimpíadas ou copa américa.

Nem de longe essa conquista se compara como por exemplo aquela de 2004 quando Adriano imperador empatou um jogo contra a “verdadeira” seleção Argentina e ganhamos a copa nos pênaltis, ou até em 2007 quando os Hermanos ainda tinham uma seleção forte e foi gostoso ganhar outra copa em cima deles e dando baile, mas contra o Peru “com todo respeito ao povo e a seleção peruana que prestaram grande papel e tiveram uma excelente participação na competição” não é a mesma coisa, não tem o mesmo sabor.

Ganhamos a Copa com um técnico que teve lá suas convicções, convocou um time para ser campeão “em tese” não quis arriscar “mais uma vez” seu emprego ou o respeito da mídia e de parte da torcida, convocou um monte de medalhões deixando de fora muitos jogadores que mereciam serem testados, tudo em nome de uma conquista que acabou vindo “bom pro Tite, mas péssimo pra seleção” pois se o nosso técnico for continuar “há rumores que ele pode se demitir a qualquer momento por conta de insatisfações internas com a CBF” é possível que ele continue com as mesmas convicções de sempre, afinal vem aí as eliminatórias para copa do Catar, que não é um campeonato fácil, e a pergunta que não quer calar é “Tite fara experiências nas eliminatórias afim de dar oportunidades a novos jogadores e permitir que a seleção se renove, ou a cobiça pelos próximos 3 pontos é que sempre irão vir na frente de qualquer coisa?”.

TALENTOS INDIVIDUAIS: Muitos entraram na Copa América com uma certeza e saíram com outra. Uma delas dava conta do promissor David Neres que fez uma campanha sensacional com o Ajax na Uefa Champions League, o jogador chegou como o cara que ao lado de jogadores como Neymar, de repente poderiam decidir algo em torno da seleção, mas o que se viu foi o brilho de Neres ser totalmente ofuscado por Everton Cebolinha do Grêmio que desde a estreia da seleção no Morumbi contra a Bolívia vinha pedindo passagem, e aos poucos suas atuações convenceram Tite de que a sua titularidade era algo normal a ser conquistado.



Muitos afirmam que Cebolinha só teve esse espaço pois Neymar que é o dono da posição não jogou a Copa América “Falando nisso, alguém aí sentiu falta do Neymar?”. Porém, como tudo na vida, as vezes o destino conspira a favor, com Neymar fora de combate coube a Everton se impor contra seu rival de posição e conseguir a titularidade, e ele foi peça chave assim como Daniel Alves para a conquista da competição.

E o que falar de Daniel Alves? Lateral interminável, se reinventa a cada competição. Muitos criticaram a convocação dele por ser um dos medalhões, uns dos que dariam segurança a Tite para desenvolver o trabalho na seleção, sem falar que em nada Dani Alves teve responsabilidade na Copa da Rússia, pois nem lá estava. O lateral brasileiro jogou muita bola, tecnicamente em uma forma exuberante, taticamente “coletivamente” sendo decisivo para nossa equipe, sem falar na força de vontade e raça, que devem ser fatores preponderantes para vestir a camisa amarelinha da nossa seleção. “Coisa que algumas celebridades travestidas de jogadores jamais irão ter e muito menos entender”.



Nossa zaga central “composta pelos jogadores do PSG, Marquinhos e T. Silva” também se comportou bem na competição, assim como o goleiro campeão da Champions pelo Liverpool Alisson. Tudo bem que não fomos muito exigidos, mas nas vezes que o Brasil foi atacado o sistema defensivo deu conta do recado. Pior seria se em um torneio meia boca como esses nossa zaga fosse um queijo suíço.



O que fica da Copa América é isso, apenas o título, não há legado nesta conquista! O legado da nova seleção brasileira tem e deve ser feito a partir de agora, da preparação para eliminatórias, jogos olímpicos de Tóquio no ano que vem. A Própria edição extra da Copa América onde a seleção entrará como campeã e será testada a mostrar ao mundo que pode ser realmente a melhor do continente fora de casa. Mas principalmente, que se faça um trabalho sério visando a copa de 2022, onde o Brasil irá “comemorar” 20 anos do penta. Com hexa? Hoje diria que não!

Se nada mudar na seleção, não temos equipe para ir além de uma quartas de final de Copa “imaginando que nesta fase enfrentaremos a nata do futebol mundial”. É preciso muito mais do que temos se quisermos voltar a ser campeões do mundo, e sinceramente eu espero que a conquista da Copa América seja um ponto de partida para um novo ciclo, e não uma cortina de fumaça para mais do mesmo!

POR MIGUEL BOENTE

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